segunda-feira, 5 de julho de 2010

Edward Hopper

Luz a duas luzes, 1927.

Gasolina, 1940.

Nighthawks, 1942.

O impressionismo – que teve como principais representantes Monet, Manet, Degas e Renoir - surge a partir do quadro Impressão – Nascer do Sol de Monet. Ali, a pintura compreende o poder da luz, isolando-o do todo da composição e transformando-o no atributo essencial de suas composições. A impressão que o real causa no observador é impermanente, já que a luz é variação temporal, mudança e movimento perpétuo.

Esta concepção da impressão é clara no início do primeiro tomo de Em Busca do Tempo Perdido de Proust e aparece também nas composições de Debussy e Ravel com seus tons inteiros e ambientações capazes de provocar no ouvinte esta ideia de impermanência que a realidade causa em nós.

Diferentemente de Paul Klee – que buscava imobilizar a luz em seus quadros – Hopper se utiliza da luz não como tema principal, já que estamos falando de um pintor realista, mas sim como um dos pontos de apoio mais fortes para compor seu mundo artístico, criando movimento e imobilidade a um só tempo.

Em Hopper, a luz trabalha a favor da composição das paisagens ou construções, das pessoas e das linhas mestras do tema escolhido; não como o agente principal, mas como coadjuvante. A luz, em Hopper, delimita esse espaço imaginário que nos permite visualizar a mudança em si e estabelecer cenários, conceitos e a própria realidade.

Entretanto, além deste ponto, a luz aqui nos fornece as características mais marcantes da aproximação que Hopper faz com suas abordagens sobre a solitude, a solidão do viajante, a quietude da natureza, a harmonia do homem com seu ambiente – seja ele um escritório, um bar ou um descampado – declarando abertamente seu amor pela vida tanto nas coisas simples quanto em paisagens magníficas.

Hopper afirmava que há um limite que a linguagem atinge, mas em que ainda reside algo para ser dito. É aí, segundo ele, que entra a pintura: dizer aquilo que as palavras não conseguem expressar. De fato, assim creio, Hopper poderia ser traduzido como um poeta das cores e das formas, já que há um cenário sobre o qual é montado um enredo ou sobre o qual uma forte impressão de profundidade do real emerge a todo tempo.

A escolha por pintar hotéis, escritórios, bares, motéis e estradas – locais públicos onde as pessoas se encontram – não impede que suas telas reverberem a mais ampla quietude que a solidão do homem traz sempre consigo. Público e privado, movimento e imobilidade, luz e escuridão convivem lado a lado e nos brindam com a própria essência daquilo que é.

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