domingo, 8 de agosto de 2010

Max Ernst

O robe da noiva, 1940.

O anjo do coração e da casa, 1937.

Ad marginem, 1930.

O movimento dadaísta surgiu em Zurique – o nome DADA faz uma referência às primeiras palavras de uma criança – e possui como principais características o improviso, o sarcasmo, encarar a arte como uma brincadeira, rejeição a qualquer tipo de equilíbrio aparente, ênfase no ilógico, na contradição e no absurdo para se atingir uma esfera inconsciente da produção artística.

O surrealismo, por sua vez, surge logo após o dadaísmo e tem como grande mentor o escritor André Breton. O surrealismo possui pontos de contato com o dadaísmo, mas está mais centrado no aspecto onírico da produção artística, na polaridade entre orgânico e inorgânico, real e irreal, valendo-se de um humor diante da vida e de seus meandros mais obscuros.

Max Ernst foi um pintor alemão que vivenciou com toda a intensidade possível os dois movimentos citados. Ernst procurava expressar em sua arte os seus sentimentos mais intensos, sua visão de mundo transcendente e perturbadora. O aspecto visionário de suas pinturas – visionárias no sentido estrito mesmo da palavra – acentua ainda mais a compreensão junguiana de um inconsciente coletivo.

Ernst vivenciou as duas grandes guerras e um horror contínuo da eminência da destruição de nosso planeta perpassa aqui e ali as suas obras. O dadaísmo e o surrealismo se somam a um estilo absolutamente original, acrescentando às suas obras um sabor ora onírico ora terrível, onde o pesadelo se assoma às investidas de uma busca por compor uma dimensão mais clara do real.

Entretanto, em meio às contradições naturais que conduzem suas obras devido às suas escolhas como artista, a beleza inequívoca de suas escolhas estéticas aumenta ainda mais essa polaridade entre o terrível e o belo. Por outro lado, procurando tomar a mais plena ciência de seu próprio processo criativo, o artista faz um mergulho profundo em sua alma e retira de lá as informações mais valiosas possíveis para si mesmo e para seu público.

Visitar a obra de Ernst é como visitar um universo paralelo que, apesar de toda a sua estranheza e distanciamento, nos convida o tempo todo a uma meditação sobre a nossa própria realidade, já que nesse encontro se constrói uma intersecção entre o aqui e o além.

Em Ernst, estranhamento e reconhecimento andam de mãos dadas. O mais estranho, o mais distante, o mais assombroso possuem uma natureza peculiar e única que nos empurram para uma região onde exatamente o oposto se faz presente: o óbvio, o próximo e o conhecido se apresentam e permitem, assim, que o todo da obra seja revelado.


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