domingo, 6 de junho de 2010

Hieronymus Bosch

A tentação de Santo Antônio, 1500s.


A ascensão do bendito, 1500s.


Hyeronimus Bosch (1450-1516) é um desses artistas que possui um poder criativo fora de série. Apesar de possuir influências de mestres como Dürer e Grünenwald, Bosch afasta-se da tradição flamenga na pintura para desenvolver seu estilo único. Um sentimento constante de terror e êxtase perpassa suas pinturas que ora retratam uma calmaria que parece que irá se dissipar através de mãos mágicas e poderosas ora expressam um horror e ansiedades próprias do seu tempo.

Sua visão trágica da existência humana sofre um contrapeso com sua abordagem alegre e caricatural da loucura e da ascensão espiritual. Um universo em que realidade, sonhos, pesadelos e a mais potente imaginação se fazem presentes é um solo mais que propício para se afirmar que Bosch – um pintor do século XVI – possa ser tido como uma das mais importantes fontes de inspiração para o movimento surrealista de Dali - apesar de particularmente acreditar que o surrealismo é extremamente inferior à grandiosidade de Bosch.

Por trás deste mundo criativo, talvez seja possível inferir uma influência quase herética nas composições de Bosch, influências estas que possivelmente apontam para as doutrinas dos Catares (ou albingenses que pregavam o extremo ascetismo e renegavam os sacramentos católicos) e do hermetismo (aqui se trata do cristianismo gnóstico do século I). O que é fato, entretanto, é a controvérsia entre os estudiosos de sua obra sobre o conteúdo moral de suas ideias artísticas. Bosch não é um artista – como todo grande artista – que possa se fechar sobre definições simplórias e fáceis. Sua obra, assim como o seu tempo, exige um tratamento profundo, uma escuta atenta.

Seja como for, é sempre surpreendente quando nos deparamos com seus quadros e percebemos essa vontade inconsciente de transcender seu tempo. Bosch é um daqueles pintores que temos que visitar e revisitar sempre.





Um comentário:

  1. Adoro as obras de Bosch. Elas transparecem os ideais mais profundos da mente humana. O colorido inigualável e a estravagancia na quantidade de elementos numa única obra me fascinam!!!

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