segunda-feira, 31 de maio de 2010

Jackson Pollock

Number 5 de 1948.


Number 8 de 1948.

Particularmente, não tenho muita simpatia pelas pinturas abstratas. A cor pela cor, na minha humilde opinião, carece de um sentido mais vasto que a pintura quer nos oferecer. Hoje em dia, na Academia, o figurativismo é considerado quase uma heresia. Mas a culpa desta visão canhestra é da própria Indústria Cultural: é o público, o mercado quem dita o que deve ser pintado. Se não agrada ao público, não deve ser bom. Isso é em parte culpa também da incompetência de Duchamp enquanto pintor: nada mais natural do que pegar um urinol e transformá-lo em arte, a arte conceitual ou ready made. Duchamp não tinha o talento de Picasso ou Cézanne, mas queria ser consagrado como artista, então precisava tomar uma atitude e tomou. Entretanto, o que admiro em Duchamp é sua originalidade. De uma incompetência, ele soube fazer seu nome.

Mas este não é o caso de Pollock com seu expressionismo abstrato. É interessante ouvirmos ou lermos comparações com a técnica de Pollock com a possibilidade de que uma criança ou um chimpanzé podem fazer o mesmo. Isso é verdade, eles podem mesmo. Mas a questão não é tanto a técnica, mas sim o fato inegável de que quando olhamos qualquer pintura que use a técnica da action painting, somos naturalmente levados a pensar em seu criador: Pollock.

Este pintor americano possui o estranho poder da polaridade: ou você ama suas obras ou você as odeia, não há meio termo. Como para mim a pintura só interessa se, antes de tudo, possuir beleza – conceito por conceito, permaneço na boa e velha Filosofia – Pollock é um dos poucos pintores abstratos que vez ou outra consegue transmitir beleza em meio ao seu caos inconsciente que é a fonte de sua energia enquanto pintor. Contudo, mais do que tudo, o que admiro em Pollock é o fato de ser um artista inimitável (digo no sentido de ser copiado mesmo, como acontece com Vermeer, Da Vinci ou Rembrandt, por exemplo) e que conseguiu imprimir seu estilo acima de tudo. Para um artista, conseguir imprimir sua marca na história de sua arte é um fato inestimável e que possui, por si só, um poder absoluto. Gostem ou não.



2 comentários:

  1. Certa vez, fiz um experimento: resolvi aventurar-me pela arte naïf, para resgatar o traço infantil perdido.

    Percebi que é praticamente impossível desenhar como uma criança quando já se tem uma técnica condicionada. Não fica natural, até o traço intencionalmente torto tem um enviesamento que se percebe maquinado :) se é que me faço compreender!

    Taí, então, uma coisa que qualquer criança faz, mas que um adulto certamente não conseguirá.

    Por meu lado, não me interessa a arte abstrata, pois é o tipo de experiência estética que não me diz nada. Para mim, beleza se expressa na simetria (alô, aristóteles), no alinhamento, na padronização. Mas, questão de gosto! No mais, excelente(s) blog(s)!

    Até mais!!

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  2. Genial o teu ponto de vista, essencialmente para mim, arte é vida, vida filosofia, abstrato? já conheci pessoas que não sabem definir ou dar um p de vista do que seja arte contudo a cultura é precária demais e com surpresas absurdas privilegiados os que a tem. Bom sou abstrato nasci com essa sina. Ontem admirei uma obra abstrata em que o artista colocou pinceladas de cada mestre eternizado foi um momento sagrado. Gostar e não gostar ser ou não ser sem questões é tiro certo em sua opinião validade? não. Arte é um SIM reconhece-as ou não. Prefiro o SIM.

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